Porque nem todo mundo se dá bem com os alimentos probióticos?
Em 2012, o livro A Arte da Fermentação, de Sandor Katz, chamou a atenção para um assunto muito antigo na cultura humana.
Este livro inspirou muitas pessoas a direcionarem o olhar para os métodos de preservação de alimentos, buscarem novas combinações de sabores, abrirem novos negócios e darem valor a cultura da alimentação.
Povos de todo mundo têm enraizado em sua cultura, algum processo de fermentação.
Os índios da Amazônia processam a mandioca e produzem dela um líquido amarelo chamado tucupi.
Ilya Metchnikoff, microbiologista russo, propôs em seu livro, The Prolongation Of Life, que as bactérias ácido-lácticas do iogurte explicariam a incomum longevidade dos camponeses búlgaros.
Enfim, vários produtos tão comuns como queijos, coalhadas, iogurtes e vinhos passam por um processo de fermentação.
A fermentação é uma ação biológica que atua incessantemente sobre os alimentos.
Esta ação digestiva das células bacterianas, de forma controlada, pode facilitar a conservação do alimento, melhorar a metabolização dos compostos orgânicos e tornar os minerais mais biodisponíveis para absorção do corpo.
Estes alimentos de cultura viva e que não passaram por um processo de pasteurização, são chamados também de probióticos.
Alimentos probióticos já estiverem em moda durante algum tempo e foram considerados como panaceias e receitados para doenças específicas e para a saúde em geral.
Apesar dos probióticos estarem em voga também nos tempos modernos, já são considerados benfeitores da saúde há um bom tempo.
Registros encontrados no Analectos de Confúcio, também conhecidos como Diálogos de Confúcio do século 5, mostravam que ele não se alimentava sem o acompanhamento de algum jiang, condimento fermentado precursor do missô.
O Proceedings of the National Academy of Sciences publicou uma pesquisa confirmando que as bactérias nos intestinos influenciaram reações imunológicas à distância, ou seja, em outros órgãos do corpo.
Especificamente associadas a reações imunológicas produzidas nos pulmões, em reação a infecção do vírus da gripe.
O que revela a importância de uma microbiota saudável e sua relação com outros órgãos.
Os benefícios que alimentos de culturas vivas podem trazer a saúde em geral são inegáveis, mas por que nem todas as pessoas conseguem se adaptar a estes alimentos?
Os probióticos estão literalmente vivos, e por isso a metabolização ocorre de forma diferente para cada pessoa.
Dependendo da saúde intestinal do indivíduo, eles podem demorar mais para começar a trabalhar.
Este processo pode levar 24 horas ou meses e efeitos adversos podem surgir.
Gases, estufamento abdominal, constipação, aumento da sede e dores de cabeças provocadas pelas aminas, substâncias biogênicas que se formam quando alimentos contendo proteínas que são fermentadas por bactérias, provocam o sistema nervoso central e podem aumentar ou diminuir o fluxo sanguíneo.
Pessoas que sofrem com alergias podem sentir efeitos negativos ao tomar suplementos probióticos, pois podem conter substâncias como soja, laticínios ou ovos em sua composição.
Outro fator é a quantidade.
Pessoas que nascem dentro de uma cultura onde a alimentação contenha alimentos de cultura viva, já estão plenamente adaptadas ao processo, é como populações que costumam comer quantidades de pimentas insuportáveis a outras.
O paladar já se adaptou muito bem a reação da capsaicina na língua.
Essas reações podem persistir além do previsto e ter uma causa mais complexa.
Doenças como a SIBO (Síndrome do intestino irritável) podem de fato já ser um problema estabelecido, e estes alimentos podem mascarar os sintomas dificultando a análise ou mesmo podem agravar algum processo inflamatório que também já esteja estabelecido nos intestinos.
As mudanças precisam ser continuadas
Os probióticos fazem uma grande mudança na flora intestinal, trazendo uma multiplicidade de vida bacteriana que irão trabalhar a nosso favor, como em uma simbiose, mas se não houver a continuidade na alimentação, a microbiota tende a voltar a seu estado anterior, principalmente se os maus hábitos voltarem.
Há uma variedade de ervas que podem fazer um trabalho tão bom quanto, a exemplo da alcachofra, que estimula a produção do líquido biliar, importante para uma melhor dissolução de gorduras, elimina resíduos ao excretar bilirrubina pelas fezes, substância produzida pelo fígado ao filtrar os glóbulos vermelhos.
Algumas funções relacionadas a bile, está a redução da gliconeogênese e efeito antimicrobiano, inibidor indireto a sobre o crescimento excessivo das bactérias.
A adesão de uma nova dieta positiva é sempre um ato enriquecedor para nossa saúde e autoconhecimento, mas devemos nos informar bem antes de partirmos para uma mudança, ou corremos o risco de agravar uma situação já ruim.
Outra observação é que, se você sente que precisa de uma mudança de hábitos, a melhor maneira é consultar um terapeuta capacitado, que vai ampliar muito o seu espectro de observação sobre a sua saúde, guiando de forma mais segura para uma vida saudável.
Assim como as ervas medicinais, nem tudo é bom para todos e nem a todo momento.
O ideal é fugir da generalização também no que diz respeito aos alimentos probióticos.